Pesquisa brasileira sugere que o uso dessa erva antes dos 15
anos prejudica funções mentais no futuro
Em meio a esse cenário, a psicóloga Maria Alice Fontes, da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), realizou uma bateria de testes
cognitivos em 104 usuários crônicos desse entorpecente. Parte deles havia
começado a fumar quase todos os dias antes dos 15 anos, enquanto a outra adotou
o baseado após essa idade.
No estudo, finalista do Prêmio SAÚDE de 2011, a
turma mais precoce obteve os piores resultados nas avaliações. "Esse grupo
específico apresentou um déficit de memória, atenção e capacidade de se organizar",
destaca Maria Alice.
O uso da maconha é três vezes mais comum entre os rapazes. O
pico de consumo se dá na faixa dos 18 aos 24 anos
Curiosamente, quem passou a fumar maconha só mais velho
alcançou uma performance muito semelhante ao de voluntários que nunca tiveram o
costume de utilizar o alucinógeno. “Mas isso ainda não quer dizer que ele é
inofensivo a partir dessa idade”.
Se as bebidas alcoólicas e o tabaco saíssem de cena, a
maconha seria a droga mais consumida no mundo. No Brasil, cerca de 9% da
população a usa ou ao menos a usou regularmente. Hoje em dia, estima-se que 65%
das pessoas têm acesso fácil a ela. Dados como esses preocupam muitos pais, que
veem com frequência relatos de supostos malefícios da erva Cannabis sativa para
a cabeça de seus filhos. Mas a questão é que, até agora, poucos experimentos
sérios foram realizados sobre a influência da marijuana no desenvolvimento
mental dos adolescentes. Em outras palavras, há muita opinião para poucos fatos
concretos.